Relaxe o Cérebro na prática

Para a maioria dos alunos, o intelecto é muito forte, mas o corpo não reage à vontade do cérebro. Em geral, seu cérebro age como sujeito da situação, mas você tem de aprender a trata-lo como objeto e o corpo como sujeito. Essa é a primeira lição dos professores de ioga. Quando isso é aprendido, os efeitos do ioga aparecem muito rapidamente.

Se você tem problema de estômago, não pode saná-lo emitindo ordens via cérebro. No ioga, não há lugar para que o cérebro atue como sujeito. Se você usar o cérebro, direi, bastante irritado: "Seu estômago está sofrendo, não o cérebro!". Serei solidário com o seu estômago, mas severo para domar o seu cérebro. Direi: "Relaxe o cérebro! Vamos!". Isso retira a tensão que pesa sobre o cérebro, e, em virtude da diminuição dessa tensão, a dor do estômago também diminui. Nesse sentido, digo que relaxamos psicologicamente o cérebro e trabalhamos fisiologicamente o estômago. Isso leva o cérebro a aceitar a dor, que se torna tolerável, e a energia que era desperdiçada na tensão é transformada em energia de cura para atuar no estômago. Então a lesão começa a sarar.

Talvez seja difícil para a pessoa dita inteligente tratar o corpo como sujeito, porque ela vive com a cabeça. O iogue sabe que seu cérebro vai da sola dos pés ao topo da cabeça. O intelectual pensa que está só na cabeça e em nenhum outro lugar: sua inteligência não consegue se espalhar além do cérebro e ocupar o restante do corpo. Mas o iogue diz: "Difunda a energia do cérebro por todas as partes do corpo, para que corpo e cérebro possam trabalhar em sintonia, e a energia entre os dois se equilibre". Esse é o começo do processo de cura, uma vez que a liberação da tensão no cérebro induz ao relaxamento dos nervos.

A Àrvore do Ioga. B.K.S. Iyengar