Ao realizar os ásanas, devemos expressar a forma exterior e a beleza da postura, sem perder a atenção interior. A  pele é um órgão de percepção. Ela não age. Ela recebe. Todas as ações são recebidas pela pele. Mas se sua carne se estende além da conta quando você está fazendo um ásana, a pele perde sua sensibilidade e não envia mais mensagens ao cérebro. No Ocidente, vocês tendem a se exceder no alongamento. Querem conseguir alguma coisa. Querem fazer tudo depressa. Querem ter êxito na realização da postura, mas não sentem a reação. A carne se estende a tal ponto que torna o órgão de percepção insensível e por causa disso, não se sente a reflexão da mente sobre a ação.
Na prática do ioga, deve existir um espaço entre a ponta da fibra da carne e a ponta da fibra da pele - espaço entre receber a mensagem enviada pelos órgãos da percepção e a mensagem que volta para os órgão da ação. Se você faz isso, é meditação. Normalmente, não deixamos espaço porque acreditamos que devemos agir imediatamente. Isso não é meditação.
Embora o cérebro esteja situado na cabeça, a mente existe em todo o corpo humano. No momento em que o cérebro recebe uma mensagem, ele ou envia imediatamente uma mensagem de ação com base na memória, ou faz uma pausa para discriminar. A mente e o cérebro analisam a mensagem. Você reflete sobre ela. Pensa: "Estou fazendo isso do jeito certo? Estou fazendo errado? Por que tenho essa sensação desse lado? Por que estou com essa sensação ali?" Isso é conhecido como reflexão. Você reflete sobre a ação produzida pela carne, que é percebida pela pele. Você julga o que é certo e errado. quando julga e consolida o equilíbrio em todas as partes, isso é dhyana - é contemplação. É dhyana na carne, na pele, na mente, no intelecto. Não existe disparidades entre eles. 
B.K.S. Iyengar Livro: A Árvore do Ioga

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