A ACEITAÇÃO DA NOSSA NATUREZA HUMANA IMPERFEITA

Ser humano é ter defeitos e imperfeições. Todos nós cometemos erros, às vezes magoamos as pessoas que nos são próximas, e as vezes nos comportamos muito mal. No entanto, essa simples verdade parece-nos muito difícil de aceitar. Temos uma relutância ainda maior em aceitar as mensagens sobre nossos defeitos vindas de outras pessoas. Imediatamente erguemos defesas, como se estivéssemos sendo fisicamente atacados. Esquivamo-nos de encarar nossos erros e defeitos porque eles são uma parte dolorosa, embora inevitável, de quem somos.
Quando negamos nossos defeitos, nosso egoísmo, ficamos enredados na tentativa de parecer melhores do que somos e afastar a culpa pelas nossas dificuldades. "Não foi culpa minha" é a primeira coisa que a criança em nós grita sempre que confrontamos com nossos erros. Quando acontece alguma coisa desagradável, respondemos internamente como a criancinha que ouve a voz da mãe chamando por ela depois que um terremoto abalou a casa. Sua primeira resposta é: "Não fui eu, mamãe". A criança dentro de nós tem medo de reconhecer que possuir qualidades más ou imperfeitas signifiquem que ela é unicamente má, ou que, sendo tremendamente má, ela será julgada ou rejeitada pelos "outros".
Por medo do eu imperfeito, criamos um eu-máscara, um eu idealizado, ou que pensamos que deveríamos ser, em vez de admitir que somos seres humanos imperfeitos.
Seja qual for a máscara criada - o bom menino, a boa menina, a mulher ou o homem poderoso, o aluno aplicado ou o professor confiante, a criança carente ou o adulto competente, o pesquisador ingênuo ou o cético experiente - ela é uma tentativa de nos colocarmos num plano acima dos defeitos e da dor, de negar nossa mediocridade e pequenez. Criamos uma máscara sempre que tentamos nos apresentar como pessoas mais amorosas ou poderosas, mais competentes ou carentes, mais compassivas ou céticas do que realmente somos naquele momento.
A fuga à experiência verdadeira do momento representa um enorme desperdício de energia que pode ser recuperada pelo simples ato de decidir aceitar-nos como realmente somos, em cada momento. Essa auto-aceitação implica a compreensão da necessidade da máscara, criada para que a criança dentro de nós pudesse formar uma persona aceitável quando a auto-estima parecia estar frágil ou ameaçada.
Á medida que aprofundamos o compromisso de ser honestos com nós mesmos e com os outros, criamos uma base mais sólida para a auto-estima. Fazer um bom conceito de si mesmo passa a não depender mais de atender às exigências irrealistas de uma máscara perfeccionista; ao contrário, seu fundamento é a coragem de encarar a realidade humana imperfeita atual. O imenso potencial humano que temos só pode ser realmente nosso depois que ousamos ser exatamente e exclusivamente quem somos em cada momento, por mais mesquinha ou assustadora, grandiosa ou sagrada que seja a realidade temporária. 
"Se você não aspirar a ser mais do que é, jamais ousará ser tudo o que você é". 
Nossa experiência de vida é um reflexo exato da pessoa que somos por dentro. Sempre que a vida mostrar algum aspecto restritivo e insatisfatório, é preciso ir mais fundo na exploração do território interior, para revelar onde ficou bloqueada a possibilidade de uma vivência mais rica. Cada vez que ampliamos o território interior, a vida exterior também fica ampliada. Nosso melhor mestre espiritual sempre assumem a forma de experiências de vida.
Para ampliar a vida, precisamos estar dispostos a entrar nas áreas interiores que desconhecemos. O caminho para o eu real implica aprender a tirar a máscara, aceitar a natureza humana imperfeita e "inferior" e a natureza espiritual perfeita e "superior". O crescimento espiritual é o movimento em direção ao eu sem defesas, o eu que nem mascara os defeitos humanos nem nega a essência espiritual. a expansão da autopercepção e da auto-aceitação por esses meios resulta na mais profunda harmonia e contentamento na vida, e constitui a base mais sólida da verdadeira auto-estima.  

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